MODerNiSMO, CULiNÁriA & IDeNTiDADe NACiONAL

- PARTE 2 -


A semana de 100 Anos

Programação do Projeto Contribuinte da Cultura em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna de 22 terá mais dois eventos em 16/08: Roda de Conversa “Na mesa com os Andrades” e lançamento do livro “A arte de devorar o mundo: aventuras gastronômicas de Oswald de Andrade", ambos realizados pelo Grupo Coordenador de Cultura e Extensão da USP São Carlos e apoio do CDCC- USP.


na mesa com os anDraDes



Anteriormente, já com apoio do Grupo Coordenador de Cultura e Extensão da USP São Carlos e outros parceiros, no dia 12 de julho foi realizada a primeira parte da programação "Modernismo, Culinária e Identidade Nacional", que tem curadoria de Ruy Sardinha, professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP (IAU), com a Roda de Conversas "Os Sabores e Saberes da Floresta".

Agora, no dia 16 de agosto, a partir das 19h, ocorrerão outras duas atividades do evento “Modernismo, Culinária e Identidade Nacional” no Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) em São Carlos, com uma nova Roda de Conversa denominada “Na mesa com os Andrades”. O encontro contará com a presença do escritor, cineasta e artista gráfico Rudá K. Andrade, neto de Oswald de Andrade e de Patrícia Galvão, a Pagú; e de Carlos Augusto de Andrade Camargo, sobrinho e responsável pelos direitos autorais da obra de Mário de Andrade e das pesquisadoras Viviane Aguiar e Paula Feliciano.

O terceiro evento desse ciclo acontece no mesmo dia e local com o lançamento do livro “A arte de devorar o mundo: aventuras gastronômicas de Oswald de Andrade”, de Rudá K. de Andrade.

Segundo seu autor, trata-se de um recorte culinário da biografia e obra de Oswald de Andrade: “uma abordagem sobre o autor que leva o leitor a saborear as aventuras gastronômicas de Oswald e sentir o cheiro do banquete artístico modernista da década de 1920”.


“Modernismo, Culinária e Identidade Nacional” é uma realização do Grupo Coordenador das Atividades de Cultura e Extensão do Campus São Carlos com curadoria geral de Ruy Sardinha Lopes, professor doutor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Restaurante Nanmi e Prefeitura de São Carlos. Faz parte de um ciclo de atividades que propõe mostrar a importância da culinária como ingrediente fundamental da identidade cultural de cada povo, segundo o pensamento modernista, expressado através de diferentes ângulos por Mário de Andrade e Oswald de Andrade.


RODA DE CONVERSA: NA MESA COM OS ANDRADES

Embora a produção e circulação da literatura culinária não fossem estranhas às elites intelectuais, constituindo – o apreço pela gastronomia – um indicador do “bom gosto” das mesmas, e que, como indica Rudá de Andrade, “a própria Semana de 22 foi planejada ao longo de muitos banquetes nos salões que reuniam o grupo modernista”, nos parece plausível afirmar que tal presença ultrapassa o hábito de classe. Ao se deixarem inebriar tanto pelas lembranças e receitas familiares, quanto pelos modos de fazer e costumes alimentares observados e experimentados ao longo de suas viagens ao exterior e ao interior do Brasil, bem como pela interlocução – por vezes discordantes – com intelectuais como Gilberto Freyre e Câmara Cascudo que ao pensar o Brasil também voltaram-se para a culinária – esses modernistas “bom de garfo” explicitaram a necessidade de se pensar a culinária como cultura.

Cardápio Mário na Pauliceia – Foto: Reprodução/IEB-USP

Um dos ingredientes formadores não só da almejada “identidade nacional”, mas também capaz de auferir novos sabores estéticos à própria literatura. Como afirma Rudá: “Correntes modernistas literárias aprofundam escritas que exploram a sinestesia humana, tanto quanto debruçam-se sobre a temática da alimentação. Oswald, preocupado em destacar a cultura brasileira, trouxe para sua obra diversas referências sobre o comer. Ao longo dos séculos, arte e culinária mantiveram estreito diálogo. A própria gastronomia se reveste dessa aura artística, explorando sabores, combinações, formas e texturas no intuito de levar a experiência da alimentação a um nível complexo de sensações como a arte costuma despertar (A Arte de devorar o mundo, p.18)

Para a comemoração da Semana de 100 anos, o Instituto Mário de Andrade junta à mesa novamente esses dois expoentes do modernismo que como ninguém nos saborearam com suas obras e vidas. A biografia culinária de Oswald, as coleções de cardápios e de receitas de Mário, os registros etnográficos e literários feitos a partir de suas viagens são aqui trazidos como oportunidade para pensarmos os papéis formadores das artes e da culinária aqui praticados.


Por Ruy Sardinha Lopes – curadoria geral

CONVIDADOS


Carlos Augusto de Andrade Camargo, sobrinho e responsável pelos direitos autorais da obra de Mário de Andrade, é filho de Maria de Lourdes Mores Andrade Camargo, irmã e ex-secretária de Mario de Andrade por vários anos, engenheiro formado pela Escola Politécnica da USP em 1962, trabalhou em empresa metalúrgica até 1998, quando veio a se aposentar; cursou o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo formando-se em piano em 1960. A partir de 1966, com o falecimento de seu pai, Eduardo Ribeiro dos Santos Camargo, passou a administrar os direitos da obra de Mário de Andrade e responsabilizar-se pela publicação e divulgação da obra.


Paula de Oliveira Feliciano é mestra em Culturas e Identidades Brasileiras pelo IEB/USP, graduada em Gastronomia e pós-graduada em Docência para o Ensino Superior pelo Senac São Paulo. Atua como coordenadora de Projetos Verakis Brasil e como professora nos cursos de graduação e pós-graduação em Gastronomia no Senac São Paulo. A coleção de cardápios colecionados pelo modernista Mário de Andrade (1893-1945), entre 1915 e 1940, foi tema de sua dissertação de mestrado no Instituto de Estudos Brasileiros da USP (IEB-USP). A documentação, composta de 22 menus e um marcador de lugar à mesa, encontra-se preservada no Fundo Mário de Andrade e foi estudada a partir de uma abordagem interdisciplinar. Ao longo da história, o menu deixa de ser somente uma lista ordenada de pratos de uma refeição ou plano de trabalho para cozinheiros, para se transformar em testemunho da vida cultural, social e política de uma época. A interpretação dos cardápios reunidos pelo criador de Macunaíma partiu da análise de aspectos gráficos/linguísticos, gastronômicos, históricos, buscando também apreender redes de sociabilidade, registros de encontros modernistas.

Nascido em São Paulo, Rudá K. de Andrade se formou em História no curso de graduação da PUC-SP em 2002. Fez estágio no Arquivo do Estado de São Paulo trabalhando no acervo fotográfico do jornal Ultima Hora e cooperou em diversas pesquisas iconográficas, audiovisuais e históricas. Em 2002 na cidade de Santos, foi curador do projeto Somos todos Antropófagos, em homenagem aos 80 anos da Semana de Arte Moderna. Codirigiu Somos Todos Sacys, documentário que aborda a importância da tradição oral popular brasileira por meio da figura do sacy. Se formou no mestrado em História Social na PUC-SP em 2013 com a dissertação Vissungo com angu: História, memórias e poesias dos moinhos de fubá nos altos do Vale do Jequitinhonha. Dirigiu uma série de documentários sobre saberes tradicionais em Minas Gerais, como Rapadura e Toques de Sinos, 2013, e em São Paulo em 2017 com a série Saberes do Vale. Em 2018, fez a curadoria da exposição #OcupaSacy no Sesc Interlagos que seguiu em itinerância por outras cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Taubaté. Faz parte do conselho da Sempre-viva Editorial de Milho Verde-MG. Autor do livro A arte de devorar o Mundo: aventuras gastronômicas de Oswald de Andrade. Atualmente desenvolve projetos na área audiovisual, curatorial e pesquisa histórica e cultural, produção de textos e atividades de assessoria e formação.


Viviane Soares Aguiar é mestra e doutoranda em História Social na Universidade de São Paulo. Desde 2016, vem estudando a participação de Mário de Andrade na construção da ideia de cozinha brasileira. É pesquisadora associada ao Grupo de Pesquisa Espaço Doméstico, Corpo e Materialidades (GEMA) no Museu Paulista da USP.


Local

Centro de Divulgação Científica e Cultural - CDCC/USP

Rua Nove de Julho, 1227, Centro – São Carlos-SP,


ARQUIVOS DO Modernismo Literário Brasileiro


JÁ CONHECE A PLATAFORMA DE ESTUDOS DO PRIMEIRO MODERNISMO LITERÁRIO BRASILEIRO?


O projeto da Universidade de São Paulo (USP) reúne as informações biográficas, a produção escrita e a fortuna crítica dos autores presentes na Semana de Arte Moderna de 1922 ou que se projetaram no decorrer da década de 1920 publicando livros, artigos em jornais e revistas e participando de movimentos. Entre os 24 autores, poetas e escritores destacados na plataforma estão Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Graça Aranha, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Guilherme de Almeida, Tarsila do Amaral e Sérgio Milliet.

Coordenada pelos professores e pesquisadores Marcos Moraes e Frederico Camargo, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, tem como meta indexar num único repositório, do modo mais completo possível, uma série de referências que até então se encontravam esparsas em dicionários bibliográficos, livros, teses, sites e páginas de periódicos conservados em arquivos e bibliotecas.

VEJA MAIS


Capas de livros de receitas escritos por folcloristas. Fonte: Aguiar, V. S. (2019)



A SEMANA DE 100 ANOS

A programação de “A Semana de 100 anos”, criada pelo Instituto Mário de Andrade (IMA) e Projeto Contribuinte da Cultura de São Carlos em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna de 22, prevê a realização de vinte e dois eventos, em parceria com diferentes entidades, no período de junho a dezembro do presente ano.

Desde o dia 23 de junho, quando a programação foi aberta com o lançamento do livro "Mário de Andrade, epicentro" e bate-papo presencial com seu autor, o sociólogo Maurício Trindade da Silva e Pedro Varoni, pesquisador e professor do Curso de Letras da UFSCar, já foram realizadas quatro atividades com apoio de diferentes entidades parceiras.

O lançamento aconteceu em parceria com o Sesc São Carlos, assim como duas outras atividades realizadas nos dias 22 e 23 de julho. A primeira foi uma palestra musicada sobre o rico conteúdo do manuscrito inédito de Mário de Andrade, denominado "Síncopa", com o pesquisador e músico Enrique Menezes. A segunda atividade foi uma intervenção realizada no escuro e denominada "A gente de São Paulo - três experiências sonoras com contos de Mário de Andrade".

Já com apoio do Grupo Coordenador de Cultura e Extensão da USP São Carlos e outros parceiros, no dia 12 de julho foi realizada a primeira parte da programação "Modernismo, Culinária e Identidade Nacional", que tem curadoria de Ruy Sardinha, professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP (IAU), com a Roda de Conversas "Os Sabores e Saberes da Floresta".

Os eventos do centenário da Semana de Arte Moderna são divulgados e registrados neste mesmo site e também através das mídias do IMA, dos parceiros realizadores e pela agenda oficial do Estado de São Paulo, a Agenda Tarsila.








A SEMANA DE 100 ANOS É UMA REALIZAÇÃO DO Instituto Mário de Andrade

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Projeto Contribuinte da Cultura

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