22 e 23 de julho

Dois eventos interessantíssimos!

22 de julho

Síncopa - um manuscrito de Mário de Andrade

Com apoio do Sesc São Carlos, o Instituto Mário de Andrade (IMA) e o Projeto Contribuinte da Cultura comemoram o Centenário da Semana de 22, apresentando palestra musicada e intervenção no escuro em três experiências sonoras.


A programação de A Semana de 100 anos, criada pelo Projeto Contribuinte da Cultura (IMA), conta com apoio de entidades parceiras e prevê a realização de vinte e dois eventos no período de junho a dezembro do presente ano.

A programação teve início no dia 23 de junho, através da parceria Sesc São Carlos, com o lançamento do livro "Mário de Andrade, epicentro" e bate-papo presencial com seu autor, o sociólogo Maurício Trindade da Silva e Pedro Varoni, pesquisador e professor do Curso de Letras da UFSCar.

Com apoio do Grupo Coordenador de Cultura e Extensão da USP São Carlos e outros parceiros, no dia 12 de julho foi realizada a primeira parte da programação "Modernismo, Culinária e Identidade Nacional" que tem curadoria de Ruy Sardinha, professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP (IAU) e que teve início com a Roda de Conversas "Os Sabores e Saberes da Floresta". No dia 16 de agosto ocorrerão as duas últimas atividades dessa programação com a Roda de Conversas "Na Mesa com os Andrades" e o lançamento do livro "A arte de devorar o mundo", do historiador escritor e criador audiovisual Rudá K. de Andrade, neto de Oswald de Andrade e de Patrícia Galvão, a Pagú.


Os eventos do centenário da Semana de Arte Moderna são divulgados e registrados neste mesmo site e também através das mídias do IMA, dos parceiros realizadores e pela agenda oficial do Estado de São Paulo, a Agenda Tarsila.

Dando continuidade à programação dos vinte e dois eventos propostos pelo IMA, duas atividades interessantíssimas ocorrerão nos próximos dias 22 (sexta-feira) e 23 (sábado), no Teatro do Sesc São Carlos.

A primeira será uma palestra musicada sobre o rico conteúdo do manuscrito inédito de Mário de Andrade, denominado "Síncopa". Embora parta de uma temática ligada à música, não é necessário ser musicista para compreender e apreciar a apresentação do palestrante, o pesquisador e músico Enrique Menezes.

A segunda atividade é uma intervenção realizada no escuro e denominada "A gente de São Paulo - três experiências sonoras com contos de Mário de Andrade".


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Síncopa - um manuscrito de Mário de Andrade

por Enrique Menezes

Conforme a descrição de Enrique Menezes, a imersão de Mário de Andrade em estudos de múltiplas dimensões da cultura popular brasileira o levaram a ser - além de um de nossos maiores escritores - um dos mais importantes críticos da nossa música. Essa palestra trata de um desses estudos em particular: sobre a síncopa na música brasileira, que permaneceu incompleto e não publicado. Em 1928, além de Macunaíma – o herói sem nenhum caráter, o escritor também publicava o Ensaio sobre música brasileira, no qual indica que a síncopa é uma questão crucial, e promete um livro à parte sobre ela. Esse livro não chegou a ser organizado para publicação, e sobreviveu apenas como um conjunto de notas manuscritas.

Nessa palestra vamos fazer uma análise do conjunto desse manuscrito inédito. Nele, Mário de Andrade se propõe um método admirável: estudar dados mais precisos sobre os processos da música de povos europeus, africanos e ameríndios em contexto pré-colonial, para então poder estudar as transformações ocorridas em processos transnacionais, a partir da interação dinâmica e complexa desses povos em todo o continente americano, já em contexto colonial. Assim, o escritor parece propor uma interpretação inovadora para a época: que a síncopa das Américas em geral não seria simplesmente dos negros, dos brancos ou dos indígenas, ou seja, uma transposição direta e preservada de tradições deslocadas, mas sim uma dinâmica complexa que envolve colonizadores, colonizados e deportados em uma espécie de “rede rítmica” transatlântica, na qual as musicalidades tradicionais de diversas culturas do mundo são deslocadas e ressignificadas dentro do complexo sistema surgido das modernas expansões comerciais transcontinentais. Ao constatar que a “síncopa” é um processo musical diferente em cada uma das culturas pesquisadas, o que entra em jogo para Mário de Andrade é a própria movimentação da rede: o encontro e o convívio, conflituoso ou não, sincrético ou não, das figuras - sincopadas ou não - dos sistemas originais. Ao considerar o contexto mais largo dessas diferentes dimensões, sua interpretação da síncopa nesse manuscrito tem potência para inspirar nossa musicologia ainda nos dias de hoje.



22/07, sexta-feira, 20h

♦ teatro Sesc São Carlos

Ingressos: Grátis. Retirada de ingressos limitada a 1 por pessoa, com 1 hora de antecedência, na loja Sesc


Convidados

Maria Fernanda Carmo é formada no curso de Terapia Ocupacional da USP, é especialista em Acessibilidade Cultural pela UFRJ e atualmente faz a certificação internacional em Integração Sensorial de Ayres. Trabalhou no CAPSi-Sé e no Núcleo de Estimulação Precoce da APAE-SP. Durante 5 anos tocou projetos na Fábrica de Criatividade como membro do Núcleo Gestor e coordenando os Núcleos Pedagógico e de Programação Cultural, com foco na garantia do direito dos diversos públicos aos bens e práticas culturais. Co-fundou, em 2014, a Panaméricas Diásporas, plataforma criativa que produz projetos que prezam pelo hibridismo de linguagens e pela pluralidade e diversidade de artistas e público. Em 2018, organizou o Desvio Padrão, coletivo composto por cegos, videntes, surdos, ouvintes e pessoas com mobilidade reduzida atuantes no campo da cultura cujo trabalho inclui, entre outras coisas, criar e produzir espetáculos, elaborar e oferecer cursos e oficinas e traçar planos de acessibilidade para eventos culturais.

Enrique Menezes é Compositor e flautista. Doutor e Mestre em musicologia pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado em etnomusicologia na Unicamp e em letras na UFRJ, graduado em composição pela Escola de Comunicações e Artes/USP. Membro-fundador da Escola de Choro de São Paulo e da Rádio a Granel. Procura relacionar a prática musical e a reflexão sobre ela, atuando em diferentes ambientes musicais – popular, tradicional e experimental. Essa atuação já resultou, entre outros, no disco-livro "Jazz Rural", no disco-livro "Coro de grilo" e nos diversos programas da Rádio a Granel.

Local

SESC SÃO CARLOS

Av. comendador alfredo maffei, 700. São Carlos-SP


Leia a tese de Enrique Menezes

Foto de Enrique Menezes


"Estudar por exemplo a evolução da síncopa, contratempo matemático da música européia, tal como usada tanto por Bach como pelo fado português (e ainda no Brasil Colônia, como prova a modinha Foi-se Josino, registrada por Spix e Martius...) prá síncopa nossa, entidade rítmica absoluta e por assim dizer insubdivisível. Essa evolução está refletida na obra de Ernesto Nazareth. Mas tudo isso nos levaria pra mais duas horas de falação. E confesso que, apesar dos documentos abundantes que estou recolhendo e estudando, muito ponto histórico e mesmo técnico inda ficaria incerto, num terreno virgem em que o próprio nome de “maxixe” não se sabe muito bem de onde veio. Nada se tem feito sobre isso e é uma vergonha."

Mário de Andrade, 1926

(“Ernesto Nazareth” - Música doce música)

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